domingo, 29 de novembro de 2009
sábado, 21 de março de 2009
Moxotó Brabo
Foto de Veronica Silva no site Panoramio
Embora sem ter um conhecimento cabal e completo do papel que desempenhava na sociedade, como uma das peças principais do progresso da circulação de mercadoria, pode-se subscrever a afirmação de Pedro Calmon, quando este descreve o almocreve como sendo o homem que , em última instância, “transportava as utilidades e as idéias , os bens materiais e as notícias do mundo” 193.
Portanto, através das linhas de distribuição de mercadorias vindas da Europa, da
Inglaterra e de Portugal, principalmente, os almocreves abasteciam os sertão nordestino dos principais gêneros alimentícios, tais como: manteiga, velas, vinhos,
charques, açúcar refinado, bolachas, etc Ulisses Lins de Albuquerque, no seu livro Moxotó Brabo, descreve a rotina dos almocreves da seguinte forma: “Havia poucos conhecidos à margem da estrada, nos quais, por vezes surgia uma bodega. Uma garrafa segura por um cordel, pendurado à porta ou à parede, era sinal que ali se vendia aguardente. Um sabugo de milho enegrecido ao fogo indicava que havia fumo. Um pedaço de madeira, quadrado, mostrava que a rapadura esperava o freguês. Outros sinais anunciavam que se vendiam, também, farinha, milho, feijão.“À sombra de um juazeiro, de uma quixabeira, ou de outras árvores frondosa era procurada pelos almocreves, quase sempre onde existia uma aguada.” “Todos conduziam o seu farnel: carne, farinha rapadura, queijo e ali se
regalavam, bebendo água fria, assim conservados nas borrachas... que eram de
couro. “ 194.
E, mais adiante, descreve o que representa a chegada dos almocreves na sua vila, hoje a cidade de Sertânia. “Quando de regresso a Alagoa de Baixo, a vila como que se agitava. Os comerciantes surgiam às portas, curiosos uns, outros ansiosos pelas cargas que traziam o sortimento desejado” 195.
Sertão Sangrento: Luta e Resistência
Jovenildo Pinheiro de Souza
http://www.pelourinho.com/news/Tese_Jovenildo_2004%5BLampi%C3%A3o%5D-cap5-conclusao.pdf
sábado, 20 de dezembro de 2008
Zeferino Galvão *09/05/1864 de Pesqueira
Soneto:
A voragem do tempo não descansa
E dentro do meu peito se enovela,
Como a vaga que a túrbida procela
Agita doidamente em cruel dança.
Considero o passado... e da Esperança
Vejo o barco fugir a tôda vela,
Sem bússola que seja, nem da estrêla
Matutina chamada e de bonança.
E a estrada se desdobra e se acrescenta,
Porém nessa tristeza grande e funda,
De quem perdeu o riso que aviventa;
De quem bebe uma lágrima que desce
E o seu rosto de mármore lhe inunda,
Pois o lábio se esquiva mesmo à prece!
pág. 363 - Um sertanejo e o sertão -1955 - Ulisses Lins de Albuquerque de Sertânia/PE - Livraria José Olímpio Editora.
A voragem do tempo não descansa
E dentro do meu peito se enovela,
Como a vaga que a túrbida procela
Agita doidamente em cruel dança.
Considero o passado... e da Esperança
Vejo o barco fugir a tôda vela,
Sem bússola que seja, nem da estrêla
Matutina chamada e de bonança.
E a estrada se desdobra e se acrescenta,
Porém nessa tristeza grande e funda,
De quem perdeu o riso que aviventa;
De quem bebe uma lágrima que desce
E o seu rosto de mármore lhe inunda,
Pois o lábio se esquiva mesmo à prece!
pág. 363 - Um sertanejo e o sertão -1955 - Ulisses Lins de Albuquerque de Sertânia/PE - Livraria José Olímpio Editora.
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