sábado, 20 de dezembro de 2008

Zeferino Galvão *09/05/1864 de Pesqueira

Soneto:

A voragem do tempo não descansa
E dentro do meu peito se enovela,
Como a vaga que a túrbida procela

Agita doidamente em cruel dança.


Considero o passado... e da Esperança
Vejo o barco fugir a tôda vela,
Sem bússola que seja, nem da estrêla

Matutina chamada e de bonança.

E a estrada se desdobra e se acrescenta,
Porém nessa tristeza grande e funda,
De quem perdeu o riso que aviventa;

De quem bebe uma lágrima que desce

E o seu rosto de mármore lhe inunda,

Pois o lábio se esquiva mesmo à prece!

pág. 363 - Um sertanejo e o sertão -1955 - Ulisses Lins de Albuquerque de Sertânia/PE - Livraria José Olímpio Editora.

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