Soneto:
A voragem do tempo não descansa
E dentro do meu peito se enovela,
Como a vaga que a túrbida procela
Agita doidamente em cruel dança.
Considero o passado... e da Esperança
Vejo o barco fugir a tôda vela,
Sem bússola que seja, nem da estrêla
Matutina chamada e de bonança.
E a estrada se desdobra e se acrescenta,
Porém nessa tristeza grande e funda,
De quem perdeu o riso que aviventa;
De quem bebe uma lágrima que desce
E o seu rosto de mármore lhe inunda,
Pois o lábio se esquiva mesmo à prece!
pág. 363 - Um sertanejo e o sertão -1955 - Ulisses Lins de Albuquerque de Sertânia/PE - Livraria José Olímpio Editora.
sábado, 20 de dezembro de 2008
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